28/04/2012

{off topic} Ausência

Algumas de vocês já devem ter notado minha ausência, tanto aqui no blog, quanto nas novidades da loja. Pra quem não sabe, o atelier Ms.Siebert fica dentro da minha casa, uma opção minha por qualidade de vida e praticidade. Pra quem não sabe também, me considero uma mãe de cachorros e gato, seres de luz no meu dia-a-dia, que dão sua contribuição indireta para tudo que eu faço por aqui.

Há uns 10 dias, meu filho de 4 patas mais antigo (porém não o mais velho), começou a ficar doente visivelmente. Notei uma mudança de hábitos nos últimos meses, mas achei que era normal da velhice. Mas já eram sinais de que seu corpinho pequeno e frágil estava envelhecendo por dentro também. Fizemos de tudo: diagnosticamos, remediamos, fizemos diálise, tivemos esperanças, diminuímos a dor, que só crescia. Ontem, nas suas últimas horas de vida, foi bem complicado. Nem a morfina dava conta de sua doença degenerativa e o desespero nos tomou conta. Duas idas à clínica de madrugada e, a última, definitiva. Ele ficou por lá... Eu e meu marido ficamos do seu lado até o último suspiro, fraquinho, quando os órgãos dele falharam e ele entrou em choque. Sem dor, esperou a gente dizer pra ele ir descansar, deu uma piscada, mesmo com o olhar vago e foi. Neste momento, o que era desespero, medo, esperança de fazer algo ainda, tudo se foi. E eu desabei. Estava numa corrida pra salvar a vida dele nos últimos dias e nem pensei na minha existência. Mas naquela hora, tudo voltou. Senti o cansaço, a dor da perda, a dor da saudade no presente e mais ainda no futuro, o medo terrível ao pensar que nunca mais verei ele. Chegando em casa foi pior ainda. Cada cantinho que ele ficava, a coleira ainda em cima da mesa, os pêlos na cama, as fotos, os remédios espalhados pela casa. Depois de um tempo, resolvi negar sua morte. Estando na sala, estava tudo bem, pois ele sempre ficava no quarto, vindo de meia em meia hora checar se eu estava aqui. E assim, passei o dia, fingindo que ele estava lá na minha cama.

Recebi muitos recados queridos pela internet, por mensagens, telefonemas. Minha mãe veio me fazer companhia, apesar de eu ter pedido pra ficar sozinha, “curtindo” minha dor, somente com o meu marido, que também sofreu profundamente, como eu nunca tinha visto antes. Nossa família nunca será mais a mesma. Mais tarde as amigas Mari Ribeiro e Carol Aquino, junto com a fofa da Júlia, vieram me trazer brigadeiro e pizza. E distração. Parece que eu já estava em choque. Queria falar de outro assunto, banalidades, ver novela, falar da vida alheia. Funcionou por instantes. E eu me sentia culpada, a cada riso, a cada piada, a cada breve momento em que eu não pensava nele. Elas foram embora e, com a casa vazia, tive que ir dormir. E a ficha caiu novamente. Não dava mais pra fingir que ele tava ali na cama, pois eu ia ter que dormir lá. Desabei novamente e só consegui dormir imaginando que ele tava ali, deitado nos meus pés, como todos os dias. E quase 4 horas da manhã, acordei e não vi ele.

Como é difícil, parece que falta um pedaço de mim. Sinto dor, culpa, alívio, culpa por sentir alívio, amor eterno, sentimento de fracasso, saudades, medo da saudade que só tende a crescer, amargura, sentimento de injustiça e ainda não consigo sentir o que todo mundo me fala, o tal do “valeu a pena”, “você fez o que pode” etc. Sempre penso que podia ter feito mais, ter me atentado aos sinais antes, ter feito exames mais precoces. Apesar deste mix de sentimentos confusos, no fundo eu já sabia que era a hora dele. Tive vários sinais anteriores, que tentava ignorar, mas que hoje se encaixam perfeitamente com tudo que o destino me reservou junto desse ser que mais amei em minha vida. E me forço a pensar desse jeito, que era a hora dele, pra tentar amenizar a dor. Mas convencer o coração a não vestir o luto que é difícil.

Pra quem quiser saber da minha história com o Jet e tentar entender esse meu sentimento exagerado por esse ser, é só ler este post aqui. E como eu disse lá:

O que fiz por ele não foi nada, perto do que ele fez por mim. Talvez seja difícil de entender pra quem não é ou não se considera mãe, pra quem não teve uma história tão profunda com um cão. Mas o sentimento é esse: de filho. Amor maior do mundo!

Segunda-feira tudo volta ao normal por aqui, na Ms.Siebert. Me jogar de cabeça no trabalho é tudo que eu quero e preciso agora.

Saudades eternas no meu filhote.IMG_1311

6 comentários:

Renata Boldrin disse...

Aaff... chorei horrores agora...

Raquel Stela de Sá disse...

Como a conheço muito bem e sei de toda a sua história desde o momento que adotasse esse caozinho, imagino o que estás sentindo, mas muita força filha, só o tempo resolve, lembra do Mob? Também foi assim. beijos!

lala1428 disse...

lamento muito a sua perda ,sou veterinária e tb mãe de 4 filhos de 4 patas , a minha pinscher mais velha têm 12 anos é hipercortisolêmica ,saúde delicada ... enfim tô tentando retribuir tanto amor que recebo dela todos os dias ...
sei que vc fez tudo que podia e é isso que importa ,a saudade só o tempo ameniza ...Que Deus conforte a vc e seu marido
com carinho
Laís

Flavia Stacio disse...

Eu me sentia tia. Madrinha do jet! Acompanhei de perto toda a historia de vcs. As vezes vejo o aipim fazer umas coisa e lembro do jet. Serio mesmo! Ele vai fazer muita falta, mesmo nao convivendo com eles todos os dias, sabia q ele tava lah com vc. Ele com certeza foi um anjo na sua vida. Sentiremos muito a sua falta jet! =°(

https://www.facebook.com/v.buchler disse...

Oi Mariana,
Vc não tem idéia de como chorei!
Tenho uma Shitzu (Vicky) que vai completar 12 anos ao meu lado e costumo dizer que o nosso relacionamento é um "casamento bem sucedido"!
Aqui em casa foi ela que me escolheu como "sua dona", amo esta "criaturinha" como nunca amei ninguém!
Sou mãe de um casal de filhos
adultos que possuem suas vidas e compromissos (embora vivam comigo e com o pai) mas é a Vicky que mais me faz companhia e que me "cura" que me ajuda nos momentos mais difícies, basta um olhar, basta uma brincadeira para chamar a minha atenção, é como se ela quisesse dizer: "chora não, olha pra mim, eu tô aqui por e para você! Nada vai substituí-la e qd penso que ela já está se aproximando da "sua hora", sinto um aperto no coração e a minha garganta trava! Sei que vou me sentir "abandonada" e o sentimento de perda irá se misturar com o de impotência diante dos designos de Deus!
Sinto mto pela sua perda Mari mas cm diz um amigo meu que acredita na espiritualidade (e até leva os seus pets para tomar passe! rs),
"ELES SEMPRE ESTARAM POR PERTO"!
Se cuida tá?
Bjs,
Viviane

Gabriela Mendes disse...

Sinto muito Mari!
Não sei a dor que vc esta sentindo, nunca tive um cãosinho pra quem dar amor, mais um dia terei.

Perder alguem que ama é dificil, mais foi o melhor pra ele né?

Fica bem tá?

Beijos ♥